Mãe Descobre Após Dois Anos que Filho Militar Morreu em Cabo Delgado e Foi Enterrado Sem o Conhecimento da Família
Uma mãe moçambicana viveu momentos de dor profunda ao descobrir, dois anos depois, que o seu filho militar morreu em combate na província de Cabo Delgado e foi enterrado sem qualquer notificação à família.
Maria José, residente no bairro de Hulene, em Maputo, conta que o seu filho, o soldado Ernesto António, de 24 anos, foi destacado para servir nas operações de combate ao terrorismo em Cabo Delgado no início de 2022. Desde então, perdeu completamente o contacto com ele. Durante meses, buscou respostas junto às autoridades militares, mas nunca obteve informações claras sobre o paradeiro do filho.
A confirmação da morte de Ernesto chegou de forma inesperada no mês passado, quando outro ex-militar que serviu com ele entrou em contacto com a família para informar que o jovem teria morrido em combate em meados de 2023 e foi enterrado em uma vala comum nas proximidades de Muidumbe, sem que qualquer comunicação oficial tivesse sido feita.
"Doeu-me mais saber que ele morreu longe de casa, sem um adeus, sem um funeral digno, e que nos esconderam isso durante todo esse tempo", lamenta Maria José entre lágrimas.
A família exige agora uma investigação oficial sobre o caso e responsabilização dos envolvidos pela falta de comunicação. Organizações de direitos humanos também pedem maior transparência nas operações militares e no tratamento às famílias dos soldados que servem em zonas de conflito.
O Ministério da Defesa ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas fontes internas confirmaram que falhas nos processos administrativos podem ter contribuído para que várias famílias não fossem notificadas adequadamente sobre as baixas em combate.
Este caso levanta sérias questões sobre a gestão das forças armadas em situações de guerra e sobre o respeito à dignidade das famílias que sacrificam seus entes queridos pela pátria.